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Marido traído usou Internet para se vingar
Marido traído pela Internet vingou-se pelo mesmo processo. Tudo começou com uma carta de cinco mil palavras num dos fóruns da Internet mais populares na China. Um marido, sentindo-se traído pela mulher, denunciou um universitário como sendo o adúltero que estragara a sua harmonia familiar. De imediato centenas de participantes uniram-se a este "linchamento moral"."Utilizemos o teclado e o rato que temos nas mãos como armas para cortar a cabeça destes adúlteros. Ele deve pagar pelo mal que fez a este marido", escreveu um dos internautas do fórum.No espaço de poucos dias, as centenas de participantes tinham crescido e já eram dezenas de milhar, até que completos desconhecidos do casal formaram equipas para perseguir o estudante, pressionando-o a deixar a universidade e obrigando a sua família a entrincheirar-se em casa.E este é apenas o exemplo mais recente de um fenómeno, em crescendo, em que o mundo virtual se cruza com o real.O assunto do marido enganado captou a atenção do público em meados de Abril, logo após o homem traído, que na Net utiliza o apelido de "Espada Congelada", ter descoberto correspondência electrónica entre a sua esposa, "Lua Silenciosa", e um estudante universitário, "Bigode de Bronze". Após ter conversado com a sua mulher, o marido perdoou-a, mas pouco tempo depois acabaria por interceptar mensagens que denunciaram a continuação do caso de adultério. Foi então que colocou na Net a carta a denunciar o "Bigode de Bronze", mas identificando-o também pelo seu nome verdadeiro.O caso assumiu novas proporções a 20 de Abril, quando alguém, sob pseudónimo,publicou no fórum o manifesto contra o "Bigode de Bronze"."Pedimos a qualquer empresa, estabelecimento, fábrica, colégio, hospital e às autoridades que o expulsem", lia-se no manifesto. "Não o aceitem, não o admitam até que mostre um arrependimento satisfatório e convincente".Alguém conseguiu descobrir a morada e o número de telefone do estudante, colocando os dados na Internet. Algumas pessoas, ansiosas por denuciá-lo, deslocaram-se até à universidade do visado, obrigando-o a abandonar as aulas e a barricar-se em casa com a família. Uma multiplicidade infinita de chineses dá lições de moral e une-se para investigar terceiros e impor castigos por infracções reais ou imaginárias.Este "exército" de internautas vigia os maridos suspeitos de enganar as respectivas mulheres, investiga a vida de famosos e os crimes por resolver.Estes casos fizeram soar o alarme na China, uma vez que têm levado muitas vezes à prática de actos violentos. Muitos analistas vêem aqui preocupantes semelhanças com a Revolução Cultural - cujo 40.º aniversário se celebra este ano -, altura em que bandos de estudantes insultavam e agrediam os seus professores.Nos últimos anos, o Governo endureceu progressivamente o controlo da Internet - censurou motores de busca populares, como o Google e o Technorati, mobilizando milhares de polícias especializados neste tipo de comunicação, e exigiu aos clientes doscibercafés que se identifiquem. O Executivo chinês chegou mesmo a referir a hipótese de criar uma base de dados com todos os dados pessoais dos internautas.